1887

OECD Multilingual Summaries

OECD Economic Outlook, Volume 2018 Issue 2

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Perspetivas Económicas OCDE, Volume 2018 2.ª Edição

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Editorial: O crescimento já atingiu o seu máximo: desafios na arquitetura de uma aterragem suave

A economia global está a navegar em mares agitados. O PIB mundial regista um crescimento forte, mas já atingiu o seu valor máximo. Em muitos países, o desemprego está muito abaixo dos níveis anteriores à crise, a escassez de mão‑de‑obra está a causar problemas e a inflação permanece tépida. No entanto, as trocas comerciais mundiais e o investimento têm vindo a abrandar na sequência de aumentos nas tarifas bilaterais, ao mesmo tempo que muitas economias de mercados emergentes estão a registar saídas de capitais e uma desvalorização da sua moeda. A economia global deverá registar uma aterragem suave, projetando‑se um abrandamento do crescimento do PIB global de 3,7% em 2018 para 3,5% em 2019‑20. No entanto, os riscos de deterioração são muitos e os decisores políticos terão de orientar as suas economias com muito cuidado em direção a um crescimento sustentável do PIB, ainda que mais lento.

Arquitetar uma aterragem suave foi sempre um exercício delicado, revelando‑se especialmente difícil hoje. Ao mesmo tempo que os bancos centrais estão a reduzir progressiva e corretamente o seu apoio à liquidez, os mercados começaram a reavaliar os riscos, conforme se verifica através do regresso da volatilidade e da descida dos preços de alguns ativos. Os fluxos de capital, que tinham impulsionado a expansão das economias dos mercados emergentes, estão agora a inverter o sentido e a regressar às economias avançadas, especialmente aos Estados Unidos. As tensões comerciais fizeram aumentar a incerteza das empresas e correm o risco de perturbar as cadeias de valor globais e o investimento, especialmente em regiões com fortes ligações aos EUA e à China. A incerteza política e geopolítica aumentou na Europa e no Médio Oriente.

Uma acumulação dos riscos pode criar condições propícias a uma aterragem mais brusca do que o esperado. Primeiro, novas tensões comerciais seriam prejudiciais às trocas comerciais e ao crescimento do PIB, criando ainda mais incertezas para os planos das empresas e para o investimento. Segundo, a contração das condições financeiras poderá acelerar a saída de capitais das economias de mercados emergentes e fazer diminuir ainda mais a procura. Terceiro, um abrandamento acentuado na China afetaria as economias de mercados emergentes, mas também as economias avançadas se o choque da procura na China despoletasse um declínio acentuado nos preços das ações globais e um aumento dos prémios de risco global.

Para além das tensões comerciais, houve também um recrudescer das tensões políticas. . No Médio Oriente e na Venezuela, os desafios geopolíticos e políticos traduziram‑se numa maior volatilidade nas cotações do petróleo. Na Europa, o Brexit está a ser uma fonte importante de incerteza política. É imperativo que a União Europeia e o Reino Unido consigam chegar a um acordo que assegure a relação mais estreita possível entre ambas as partes. Em alguns países da área do euro, a exposição dos bancos à dívida dos seus governos pode prejudicar o crescimento do crédito se os prémios de risco aumentarem ainda mais, o que terá como efeito um abrandamento no consumo, no investimento, no crescimento do PIB e, por último, no emprego.

Perante este cenário, instamos os decisores políticos a restaurar a confiança no diálogo internacional e nas instituições. Tal ajudará a fortalecer as discussões sobre trocas comerciais para resolver novas questões fulcrais, bem como a solucionar as preocupações que existem relativamente às regras e processos do regime de comércio existente. Uma ação concreta ao nível do G20 enviará um sinal positivo e ajudará a demonstrar que os países podem atuar de forma concertada e colaborativa no caso de o crescimento abrandar de forma mais acentuada do que o previsto.

A cooperação torna‑se ainda mais importante, agora que os decisores políticos dispõem de margens de manobra limitadas caso se verifique um abrandamento brusco. Em alguns países, a política monetária continua ainda muito acomodatícia, ao mesmo tempo que os rácios entre a dívida privada e o PIB registam valores historicamente altos. O estímulo orçamental vai sofrer reduções, o que é o indicado. Mas em caso de uma contração da economia, os governos deverão tirar partido das taxas de juro reduzidas para coordenar um estímulo orçamental. Nestas Perspetivas Económicas, apresentamos simulações que mostram que um estímulo orçamental coordenado à escala global seria um meio eficaz de responder rapidamente a um abrandamento da economia mundial mais acentuado do que o previsto.

A fragilidade da conjuntura faz aumentar a importância da conclusão da União Monetária Europeia, conforme sugerido no mais recente Estudo Económico da OCDE sobre a Área do Euro. É urgente que a Europa conclua a união bancária. A ausência de avanços fez aumentar os volumes de dívida soberana interna detida pelos bancos em alguns países, o que faz aumentar os perigos e mantém o risco de redenominação que afeta a confiança. Os avanços no sentido do estabelecimento de uma capacidade orçamental comum ajudariam a manter a confiança na capacidade da área do euro para reagir a choques e apoiar o crescimento.

A retoma global registada após a crise financeira não conduziu a melhorias sensíveis no padrão de vida de muitas pessoas. Apesar de a pobreza absoluta ter diminuído acentuadamente numa série de economias de mercados emergentes, a crise veio expor décadas de discrepâncias crescentes ao nível do bem‑estar entre o setor da população mais qualificado e com mobilidade, e o grande número de pessoas com menor mobilidade e, muitas vezes, menos qualificadas que existem em muitas economias avançadas. As desigualdades de rendimentos passam de uma geração para a geração seguinte: as perspetivas de futuro de uma pessoa são determinadas pelo local onde a pessoa nasce, estuda e começa a procurar emprego. Estas desigualdades enraizadas ameaçam o crescimento, a mobilidade intergeracional, e alimentam o descontentamento com a economia global integrada, que veio trazer prosperidade a vastas zonas do mundo.

O abrandamento geral no aumento da produtividade em muitas economias restringe o crescimento dos salários reais. Mas mesmo em empresas altamente produtivas, o crescimento dos salários reais tem sido mais lento do que o esperado, em parte como resultado da descida dos preços dos investimentos que é impulsionada pela tecnologia. Esta situação pode despoletar a substituição da mão‑de‑obra pelo capital, especialmente para os empregos de pouca qualificação e altamente rotineiros. À medida que a digitalização avança, o fosso entre os empregos altamente qualificados e de pouca rotina e os empregos pouco qualificados e de elevado grau de rotina corre o risco de se agravar. Além disso, o abrandamento da dinâmica da atividade comercial preserva as empresas menos produtivas e que, consequentemente, têm menos capacidade para aumentar salários. Juntamente com a diminuição da redistribuição, esta tendência corre o risco de potenciar as desigualdades.

Os governos podem fazer mais para fomentar um aumento da produtividade e melhores salários. O reforço da competitividade no mercado de produtos iria não só favorecer uma difusão mais alargada das novas tecnologias e, assim, aumentar o crescimento da produtividade, como também ajudaria a transferir os ganhos de produtividade para os salários. O investimento na qualificação pode ajudar os trabalhadores a tirarem partido do avanço tecnológico uma vez que o trabalho mais qualificado é mais dificilmente substituído pelas novas tecnologias. Políticas ativas de mercado de trabalho e de formação para a qualificação que sejam eficazes podem ajudar os setores da população que estão em risco de exclusão do mercado de trabalho.

Certas decisões ao nível das políticas estão a agravar muitos dos ventos desfavoráveis que as nossas economias estão a enfrentar. Políticas melhores, assentes numa maior confiança e abertura, são agora mais necessárias do que nunca para criar empregos, apoiar o crescimento e melhorar os padrões de vida.

Laurence Boone

Economista‑Chefe da OCDE

© OECD

Este sumário não é uma tradução oficial da OCDE.

A reprodução deste sumário é permitida desde que sejam mencionados o copyright da OCDE e o título da publicação original.

Os sumários multilingües são traduções dos excertos da publicação original da OCDE, publicada originariamente em Inglês e Francês.

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© OECD (2018), OECD Economic Outlook, Volume 2018 Issue 2: Preliminary version, OECD Publishing.
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